Marx, Feuerbach, materialismo e o conceito de alienação.








Marx, Feuerbach, materialismo e o conceito de alienação.



Feuerbach e o materialismo:

Feuerbach, que foi aluno de Hegel, tem por si a formulação de uma crítica ao idealismo hegeliano, onde, a ideia/espírito precedia a mateira, do qual a última era apenas a materialização da primeira, além de também formular uma crítica as concepções teológicas do homem, do qual ele faz determinada comparação com a filosofia, onde, afirma que a filosofia idealista (e/ou especulativa) caiu no mesmo erro da teologia na explicação entre homem e natureza, e essa nada mais é que uma espécie de racionalização do pensamento teológico/religioso.
Feurbach, então, se opõe ao método especulativo da filosofia e traz à tona o método contemplativo ou empirista, e dá a primazia da matéria sobre a pensamento/ideia, trazendo como oposição ao idealismo o materialismo, dando voga a natureza e o homem como base da de toda a categoria espiritual. Desse modo, ele tem por base uma formulação crítica da religião e uma concepção antropológica configurada em seu pensamento.
Em resumo, na sua crítica a religião, Feurbach concebe Deus como uma criação do homem, onde, o último expressa em um ser divino a sua “vontade de ser”, Deus para Feurbach, nada mais é que a alienação da essência humana colocada em um ser divino, donde esse ser passa a controlar os homens e normatizar as suas vidas. Dessa maneira, colocando o homem no centro, levando em conta sua pratica sensível e com isso a relação homem/natureza, Feuerbach formula sua crítica a religião de um ponto de vista nãoidealista, colocando o real/concreto como afirmação e o ideal/espiritual como negação, e não ao contrario como a filosofia hegeliana propunha, na lógica idealista. Dessa maneira,
Feuerbach se constitui enquanto opositor a lógica idealista e teológica, agora a matéria/natureza existe em si mesma, independente da razão e da consciência dos homens, e não mais o contrário como Hegel colocava.

Marx e inclusão da história no materialismo:

Marx, que como Feurbach era um jovem hegeliano, a se deparar com a crítica de Feuerbach a filosofia de Hegel adota-a com entusiasmo e formula uma crítica construtiva a respeito da mesma. Marx vê positivamente a fundamentação do “materialismo filosófico” sistematizado por Feuerbach e juntamente com ele se torna um crítico do idealismo/teologia.
Ao analisar a antropologia materialista de Feuerbach (principalmente por meio de sua obra “a essência do cristianismo”) Marx introduz algumas categorias em seu pensamento. Marx vê no materialismo de Feuerbach a carência da totalidade e da constituição história do ser conjuntamente a falta de uma concepção de ser social, onde, Feuerbach cai na armadilha de colocar o homem como um ser a-histórico, inato a totalidade da realidade social que ele vive.
Marx, então, transcreve a análise materialista de um ponto de vista histórico, onde, o método estruturado na prática sensível deve ser superado por um método que se estrutura pela práxis social e histórica dos homens, entendendo que estes são produtos da divisão do trabalho de dado período e que estes são agentes transformadores do sua realidade objetiva. Dessa maneira, a crítica da alienação religiosa, da miséria ideal, deve ser explicada pela miséria humana ou alienação humana.
Desta maneira, o materialismo humanismo de Feuerbach foi tratado por Marx como carente de elementos que o processo histórico estabelece nos homens, donde Marx dá um salto qualitativo para o materialismo tratando o ser como produto de um determinado período de desenvolvimento do processo de trabalho e suas relações de produção. A religião nessa perspectiva é fruto das múltiplas determinações que influenciam e determinam o homem na sua categoria de ser social, a miséria humana/material é condicionante para que os homens formulem um ser divino que expresse as suas vontades que são alienadas na sua própria produção da vida material.
Marx no decorrer de suas obras (Manuscritos, a sagrada família, a ideologia alemã...) vai formulando um novo materialismo, o materialismo histórico, os homens são frutos do
desenvolvimento dos modos de produção (forças produtivas mais as relações de produção) e toda razão/consciência é produto do homem/ser que se socializa com base no trabalho. Dessa maneira, com o materialismo histórico constituído, Marx abstrai da realiade o conceito de alienação de uma outra perspectiva, não mais religiosa (apenas) fruto da essência humana a-histórica tratado por Feuerbach, mas da alienação do próprio trabalho (meio pelo qual os homens se socializam) e do qual serve de base explicativa para a alienação religiosa. Quando Marx fala de alienação do trabalho, e tem por base o modo de produção capitalista, ele descreve como as relações sociais de produção fundadas na propriedade privada alienam o homem na sua produção da vida.
Os homens no processo de trabalho não controlam os meios de produção, ao contrário, os meios de produção controlam a força de trabalho, dessa maneira, o proletário é apenas uma mercadoria que gera acumulação de capital para o burguês dono dos meio de produção, há aí a alienação do próprio trabalho. No final do processo de trabalho, quando sua potencialidade como trabalhador foi expressada no produto de seu trabalho, esse produto é alienado do seu criador, onde, o dono dos meios de produção se apropria desse produto, há aí a alienação do produto do seu trabalho. Continuando esse processo, a própria essência do ser é alienada (levando em conta o trabalho), onde, os frutos do seu trabalho somem no processo de circulação e se tornam mercadorias, ficando lúcida tal alienação (ai trazendo a totalidade retratada) quando com o dinheiro ganho com o seu trabalho os trabalhadores compram suas próprias criações no formato de mercadorias com o valor de troca sobredeterminando o valor de uso.

Conclusão:

Feuerbach funda uma crítica radical a Hegel e a filosofia idealista e/ou especulativa, retratando-a como racionalização do pensamento teológico, do qual ele faz uma crítica ferrenha tratando Deus como alienação da própria “vontade de ser do homem”. Marx é simpatizante dessa concepção materialista e formula criticamente o materialismo histórico, dando um salto qualitativo no que se refere ao materialismo de Feuerbach. Dessa maneira, Marx trata a alienação religiosa como fruto da alienação material, onde, os homens em um determinado processo histórico de configuração do trabalho alienam sua própria produção da vida social.

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